O treinamento de força – praticado com carga de moderada a vigorosa, dois ou três dias por semana – é uma boa estratégia para diminuir a pressão arterial. A conclusão é de um estudo brasileiro publicado na revista Scientific Reports.
Os mecanismos de diminuição da pressão arterial por meio de atividades aeróbicas têm sido bem estudados. No entanto, existem poucas investigações sobre o exercício de força, como essa conduzida por pesquisadores da Universidade Estadual Paulista (Unesp).
As doenças cardiovasculares são as principais causas de óbito no Brasil, de acordo com o Cardiômetro – um indicador do número de mortes por doenças cardiovasculares no País, criado pela Sociedade Brasileira de Cardiologia. São mais de 1100 mortes por dia, cerca de 46 por hora, 1 morte a cada 1,5 minutos (90 segundos).
As doenças cardiovasculares causam o dobro de mortes que aquelas devidas a todos os tipos de câncer juntos, 2,3 vezes mais que as todas as causas externas (acidentes e violência), 3 vezes mais que as doenças respiratórias e 6,5 vezes mais que todas as infecções, incluindo a AIDS.
De acordo com a Sociedade Brasileira de Cardiologia, estima-se que ao final deste ano quase 400 mil cidadãos brasileiros morrerão por doenças do coração e da circulação. Muitas dessas mortes poderiam ser evitadas ou postergadas com cuidados preventivos e medidas terapêuticas. O alerta, a prevenção e o tratamento adequado dos fatores de risco e das doenças cardiovasculares podem reverter essa grave situação.
Entre essas doenças podemos destacar a hipertensão arterial, que ataca os vasos sanguíneos, coração, cérebro, olhos e pode causar paralisação dos rins. Ocorre quando a medida da pressão se mantém frequentemente acima de 140 por 90 mmHg. Essa doença é herdada dos pais em 90% dos casos, mas há vários fatores que influenciam nos níveis de pressão arterial, entre eles:
- fumo, consumo de bebidas alcoólicas, obesidade, estresse, grande consumo de sal, níveis altos de colesterol, falta de atividade física;
- além desses fatores de risco, sabe-se que sua incidência é maior na raça negra, aumenta com a idade, é maior entre homens com até 50 anos, entre mulheres acima de 50 anos, em diabéticos.
De acordo com o estudo, os resultados efetivos eram observados por volta da 20ª sessão de treinamento e os efeitos hipotensivos benéficos duravam até 14 semanas mesmo depois que os exercícios eram interrompidos – fase chamada de destreinamento.
O efeito mais vantajoso foi observado em protocolos com intensidade de carga moderada a vigorosa, acima de 60% da carga usada para uma repetição máxima, a mais intensa suportada pelo indivíduo.
Ou seja, se a máxima carga com a qual consegue fazer uma única repetição é de 10 quilos, a carga mais vantajosa de treino estava acima de 6 quilos. Outra observação importante foi atestar que a frequência deve ser de pelo menos duas vezes por semana, mantida por, no mínimo, oito semanas.
Sabemos que, a curto prazo, a atividade física promove um aumento da frequência cardíaca, aumento do diâmetro dos vasos sanguíneos (vasodilatação), maior fluxo sanguíneo e aumento da produção de óxido nítrico (composto com efeito vasodilatador) e, a longo prazo, promove adaptações, como diminuição da frequência cardíaca de repouso, melhora da eficiência cardíaca e aumento do volume máximo de oxigênio que o organismo consegue absorver a cada respiração (VO²máx).
Veja o estudo:
https://www.nature.com/articles/s41598-022-26583-3
Por isso, não deixe de cuidar de sua saúde e praticar atividade física. No caso da musculação, lembre-se sempre de contar com a supervisão de um profissional especializado.
Bianca Vilela
bianca@biancavilela.com.br
BIANCA VILELA é autora do livro Respire, palestrante, mestre em fisiologia do exercício pela Unifesp (Universidade Federal de São Paulo) e produtora de conteúdo. Desenvolve programas de saúde em grandes empresas por todo o país há quase 20 anos. No Canal Saúde, Bianca fala sobre saúde no trabalho, produtividade e mudança de hábitos. Não deixe de visitar o Instagram: @biancavilelaoficial